22 de abril de 2010

Invictus

Invictus - com Morgan Freeman e Matt Damon; direção de Clint Eastwood. 2009, 133 minutos.

Esses dias eu havia postado no Twitter que estava com vontade de ver um bom filme. Terça dei uma passada no cinema, com minha namorada só para conferir se haveria algum filme naquele momento e, veja só, Invictus estava de volta a um horário descente, ao contrário dos meses que ficou em exibição apenas à noite. Como já estávamos curiosos para assistir, fomos.
A ideia principal é mostrar como Nelson Mandela enxergou na Copa do Mundo de Rugby, realizada na África do Sul em 1995, a possibilidade de começar a unificação dos sulafricanos, que viviam - e ainda vivem em menor proporção - os efeitos do regime do Apartheid que segregou brancos e negros por décadas. 
As interpretaçoes de Damon e Freeman foram ótimas. Apesar do primeiro ter tido um papel menor na trama, quando aparece, não decepciona. O segundo, em compensação atuou de uma forma irrepreensível. Mais chocante ainda é conhecer um pouco melhor o próprio Mandela e tentar realmente entender como um homem conseguiu enxergar as coisas que ele enxergou, pensar como ele pensou e, principalmente - como é dito no filme, perdoar o que ele perdoou.
Apesar do forte apelo emocional, o filme não foi feito para exaltar o ex-presidente sulafricano. Acho que o foco, ou um dos focos, foi como um esporte por unir um país. O rugby era considerado esporte dos brancos, opressores e as cores da seleção, o verde e ouro, as cores do Apartheid. Passando por cima de tudo isso com atitudes fanstásticas, o presidente e a seleção fizeram o impensável: conseguiram que o país todo torcesse pelo seu selecionado, no primeiro gesto de superação de um regime tão traumático. Melhor ainda foi o resultado final do mundial, no qual a África do Sul, pouco acreditada, conseguiu superar  os adversários, inclusive a favoritíssima Nova Zelândia na final.
Não acredito que valha a pena contar algumas cenas, pois poderia estragar boas surpresas que o filme trás. Apesar do tema tão sério e algumas situações pesadas, a trama é leve e as duas horas e pouco nem são sentidas. Para acabar, vou postar o poema escrito por William Ernest Henley em  1875 (e publicado em 1888) que dá nome ao filme e que, segundo o mesmo, Mandela usou como apoio espiritual durante os 27 anos que ficou preso.

Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.


In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.


Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.


It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.


Tradução:


Noite à fora que me cobre
Negra como um breu de ponta a ponta,
Eu agradeço, a quem forem os deuses
Por minha alma incansável.

Nas cruéis garras da circunstância
Eu não fiz cara feia ou sequer gritei.
Sob as pauladas da sorte
Minha cabeça está sangrenta, mas não rebaixada.                 

Além deste lugar de raiva e lágrimas
É iminente o horror da escuridão,
E ainda o avançar dos anos
Encontra, e me encontrará, sem medo.

Não importa o quão estreito seja o portão,
O quão carregado com castigos esteja o pergaminho,
Eu sou o mestre de meu destino;
Eu sou o capitão de minha alma.

Essa tradução foi copiada de: http://www.mariaaugusta.com.br/2010/02/11/nelson-mandela-invictus/

Um comentário:

  1. Filme realmente ótimo. E esse poema é lindo e, cada vez que é citado na trama, me deixou arrepiada!
    Vale a pena.
    Ah sim, um post que li até o final!!

    beijos

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