21 de março de 2010

O happy hour e o sensacionalismo

Quando qualquer jornalista quer uma notícia de quinta categoria, já sabe o que fazer: vai a qualquer lugar, depois que já anoiteceu, que tenha um jogador de futebol e dá um jeito de fotografar o sujeito com uma lata de cerveja na mão. Pronto, feito o escândalo. No dia seguinte, vemos nos jornais as manchetes já batidas: "Fulano flagrado na noitada", "Beltrano bebendo no meio da semana", e por aí vai.
Bom, já que jogadores vivem discursando que são trabalhadores como outros quaisquer, que sejam tratados (e ajam) como tais. Então vamos lá. Passe em qualquer bar, restaurante ou lugar que ofereça um happy hour, entre 18:30h e 22h, qualquer noite da semana. Provavelmente o lugar estará cheio e isso não quer dizer que todos que estão lá estão na farra, enchendo a cara, que esqueceram o trabalho e a família. Longe disso, todos só estão relaxando após um (ou mais) dias de trabalho. Estão lá aproveitando algumas horas pra distrair, falar de aleatoriedades, dar risadas, enfim, sair um pouco da rotina. Sinceramente, não vejo nada de errado nisso.
Fazer um happy hour não torna ninguém irresponsável, alcóolatra, enfim, não denigre, e nem pode denegrir a imagem de ninguém. Daí vem o argumento: mas eles são atletas, devem estar 100% fisicamente e 100% concentrados para os jogos. Isso é óbvio, mas não quer dizer que não possam relaxar com uma lata de cerveja e uma porção de fritas, oras. Ninguém vai ficar mais gordo ou mais lento porque foi conversar com os amigos em um fim de tarde.
Claro, se os momentos de descontração estragam o bom rendimento no trabalho, tem que cortar. Nada de virar todas as noites na farra, dormir muito tarde e acordar muito cedo, não há ser humano que consiga trabalhar direito em um ritmo assim. Mas quando a coisa é normal, saudável, não tem porquê fazer escândalo.
Outra coisa: fotos são, muitas vezes, pouco explicativas. Boa parte das que são publicadas e que retratam os jogadores com cerveja não mostram nenhum deles caíndo de bêbado e nem dão uma noção exata de que horas foi tirada. Pode ter sido batida às 20h e o repórter dizer que foi às 3h da madrugada. E daí, quem prova o contrário?
Enfim, qualquer trabalhador que se perca nos hsppy hours ou nas farras vai ter queda de rendimento e vai ter a atenção chamada, sem dúvida. Agora, transformar uma descontração com amigos em notícias de mau comportamento e sensacionalismo barato é fazer mau uso da palavra e ter má fé na profissão, coisa que, infelizmente, a imprensa está cheia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário