11 de março de 2010

Valsa com Bashir

Valsa com Bashir (Waltz with Bashir), de Ariel Folman, 2008. Vencedor do Globo de Ouro e do Prêmio da National Society of Film Critics, além de ter sido indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.


Quando ouvi falar desse filme, fiquei curioso. Gosto bastante de filmes de guerra, de preferência os que tratam das questões de sobrevivência no front mesmo, estratégia, missões e conflitos psicológicos. Estava esperando mais um filme com cenas de batalhas, gente mutilada, estropiada, implorando pela vida e um determinado lado apontado como vencedor ou mocinho, mesmo que disfarçadamente. Eis que, para minha surpresa, o filme não é bem sobre isso. Ele aborda tudo o que foi dito acima, mas antes de tudo, ele trata da questão da memória.
O personagem principal é um ex-combatente da Guerra do Líbano, que ocorreu no início dos anos 80. Durante uma conversa em um bar, ele percebe que não se recorda de um determinado massacre que sabe que esteve., a não ser por alguns flashes. Talvez a falta de memória tenha sido uma fuga, uma autopreservação, enfim, nem ele entende direito.
Ele sai, então, em busca de outros ex-combatentes para conversar e tentar esclarecer esses flashes. Mais do que isso, é uma busca pela recuperação de uma parte perdida da vida dele, mesmo que ele não goste do fato de ter estado naquele conflito. Enquanto as conversas se desenrolam, o filme vai ilustrando todo o horror da guerra.
Acho que o legal do filme é que o personagem não quer esquecer, ao contrário, ele faz questão de lembrar, reconstruir, mesmo tendo uma boa noção do que ele fez. O filme não é nada leve, longe disso, nenhuma cena é romanceada ou enfeitada. Tudo é mostrado, bem mostrado.
Enquanto assistia, me perguntava o porquê dele ter sido feito em forma de animação. Segundo o próprio diretor, "foi natural fazê-lo assim", e esse formatou serviu para "chamar a atenção do público mais jovem para essa Guerra". Acho que essas justificativas ficam vazias e a questão da animação é respondida na cena final, na última mesmo, segundos antes do filme acabar.
Claro que não vou contar, mas vale a pena esperar. Outro ponto, além da animação, que acho bem legal é o idioma hebraico. Sempre gostei de filmes que não são falados em inglês, não sei bem o motivo (por exemplo, o aramaico do Paixão de Cristo, muito bom!). Tirando uma certa implicância com o francês, acho legal filmes em idiomas que não estou acostumado a ouvir.
Filme recomendado, sem dúvida, mas com um aviso: para assisti-lo, deve-se estar no clima, no dia certo. Não é um filme para um belo sábado de sol. Só coloque o dvd pra funcionar se a cabeça estiver pronta, senão é pura perda de tempo.

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